A bagagem cultural das empresas do Comércio Exterior que carregamos (e por vezes precisamos largar)

Era metade da manhã na empresa em que estava trabalhando há poucos meses, provavelmente recém passado o período de experiência.

Eu estava sozinho na copa tomando um café para me realinhar depois de uma pequena discussão que havia tido com outros dois colegas.

Eis que um desses dois, justo aquele que não tinha dificuldade em falar verdades necessárias (e sem ser um cavalo) me abordou no particular:

– Você foi grosseiro comigo e com fulano.

– Negativo, eu apenas deixei claro como isso prejudicava meu trabalho.

– Sim, entendi, mas isso não lhe dá o direito de levantar a voz e falar palavrão conosco, não foi legal.

Depois dessa abordagem, o melhor que consegui com minha pseudo-maturidade foi ficar quieto, pois sabia que me faltava maturidade de fato para continuar sem elevar o tom para o tal modo “grosseiro”.

No entanto, essa abordagem direta e sem faltar com o respeito de meu colega foi necessária para que eu analisasse meu viés comportamental em ambiente corporativo.

A forçada reflexão.

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Não conseguia aceitar que minha resposta havia sido grosseira e naturalmente que meus pensamentos enviesados me faziam andar em círculos…

“Como assim ‘levantar a voz’ se esse é meu normal numa conversa? Sempre tive discussões assim nos trabalhos anteriores, seguidamente! E nunca me acusaram de grosseria… Isso é frescura!”

O gostoso de conversar consigo mesmo sem humildade é que sempre temos razão hahahahaaa.

Porém, eu sabia que dessa vez precisava de mais perspectiva, pois diferente do que estava acostumado a receber de resposta – sempre algo acalorado e grosseiro –, quem chamou minha atenção fez no particular e sem levantar o tom.

Já chamaram sua atenção por algo que você fez de errado usando uma comunicação serena? É assustador!

Sério! Além disso, é uma comunicação que consegue quebrar qualquer teimosia.

Foi aí que busquei contar para algumas pessoas o ocorrido, da forma mais imparcial possível, e perguntar se eu havia sido grosseiro:

1.     – Isso é grosseiro.

2.     – Grosseiro.

3.     – Sem dúvidas, grosseiro.

4.     – Ow cavalo, precisava dar esse coice no seu colega?!

Apenas um antigo colega de trabalho concordava não ver problema em minha comunicação, o que acionou mais uma alerta de que havia algo errado.

A bagagem cultural das empresas anteriores que nos estraga.

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A expressão de meu comportamento inadequado era apenas uma repercussão do que vivi nos locais que já trabalhei.

E acredito que, quanto mais novo somos, mais carecemos da personalidade necessária para não absorver comportamentos inadequados.E mais difícil é mudar.

Contudo, seria muito fácil culpar o ambiente ou minha criação.

Mas a verdade é que a responsabilidade é unicamente de quem se manifesta, mas ao mesmo tempo também acredito que é questão de tempo para até mesmo uma personalidade forte absorver uma cultura tóxica de onde trabalha, afinal, somos humanos.

Poucos dias depois admiti o erro e pedi desculpas.

Comecei a conversa explicando como era a cultura nas antigas empresas em que trabalhei (naturalmente, sem excluir minha responsabilidade).

Engraçado que, ao pedir desculpas, meu viés cultural me fazia crer que jogariam na minha cara infantilmente que eu errei mesmo, mas pelo contrário, isso desencadeou um frutífero papo sobre as influências que carregamos de empregos anteriores.

E, mais importante, como acabamos por replicar na vida pessoal o reflexo da cultura dos lugares onde passamos (profissionalmente falando, nesse caso).

Ainda mais no comércio exterior, área em que é comum priorizarmos a preocupação em estar certo a fim de não levar bronca de clientes e/ou não assumir prejuízos operacionais.

Influenciado pelo fato de batalharmos diariamente em e-mails e telefonemas de forma tão conflituosa para ter razão que esquecemos (ou ignoramos) estar lidando com seres humanos.

Quando percebemos, lembramos de amizades e pessoas amadas apenas pelos defeitos e achamos sensato fazer uma análise SWOT para definir se vale ou não continuar com alguém.

É imaturo tratar os outros como gostaria de ser tratado.

A máxima de “tratar os outros como gostaria de ser tratado” é uma frase a se dizer para crianças para fins de segurança, para que não se estapeiem, passem tranca ou coloquem o dedo no olho do coleguinha.

As pessoas precisam ser tratadas como elas desejam ser tratadas e não só isso: é necessário bom senso conforme o ambiente e situação.

Desenvolva uma cultura saudável (e esteja pronto a pagar pelo preço dela).

A situação que relatei é real e ela foi uma das muitas que passei até entender que eu precisava mudar.

E como foi bom mudar.

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Young Man In Casual Clothes Walking With Luggage In Airport Terminal, Rear View Of Unrecognizable Male Traveller Carrying Suitcase And Backpack While Going To Flight Boarding Gate, Copy Space

Tanto que hoje prezamos por construir uma cultura empresarial saudável na Invoice Content, pois quanto mais cedo nos preocuparmos com isso, mais fácil é para que todos os integrantes do time vivam essa cultura.

Não é nada fácil, aliás, seria muito mais fácil e lucrativo criar um ambiente inflexível focado em metas e produtividade insana.

 as um ambiente profissional que prega uma cultura saudável também não significa colaboradores felizes em um parquinho. Ao mesmo tempo que clientes, leads e parceiros precisam entender que não há meta e faturamento que nos faça aceitar qualquer falta de respeito.

Novamente, não é fácil, mas exteriorizar isso aqui ajuda a nos mantermos no prumo, bem como mostra que é possível, seja para o dono de empresa ou o colaborador.

Conversamos no podcast sobre cultura empresarial no Comércio Exterior.

Fica a sugestão de conteúdo complementar, aliás, lá eu sou o que menos fala. Aproveite para seguir o canal, vai nos ajudar e muito!https://www.linkedin.com/embeds/publishingEmbed.html?articleId=8251425972275970811&li_theme=light

E você, amiga(o)?

Como é cultura empresarial de onde você trabalha ou trabalhou? Consegue fazer mudanças positivas? Já saiu de um lugar que não tinha o ‘’fit cultural”? Isso lhe afeta positivamente no cotidiano? Vamos continuar a conversa nos comentários!

Quem é o Jonas?

Estou desde 2007 atuando no comércio exterior e importação e, em 2018, decidi aliar meu amor pela escrita para ensinar e discutir sobre essa carreira que tanto aprecio, sempre de forma simples e bem humorada.

E o que começou como hobby, me rendeu a oportunidade de escrever, ensinar e atender diversas empresas do ramo através da Invoice Content e do podcast Invoice Cast. – Meu Instagram |

O que é a Invoice Content?

É uma agência de marketing focada em atender unicamente as empresas e profissionais do comércio exterior e logística. SiteInstagram

E a Invoice Cast?

Invoice Cast é o nosso podcast sobre Comércio Exterior, com o propósito de ensinar, gerar discussões e contar boas histórias de forma que seja um momento divertido e prazeroso falar de nossa área e assuntos correlatos.

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