Imagino que nesse período em que estamos, você e quem lhe cerca deva estar assistindo aos jogos da Copa do Mundo no Catar, vestindo as cores da seleção (ainda que numa “réplica” da Shein que impressiona na qualidade), acompanhado de bebida, salgados e doces, enquanto manda memes e stories pelo celular.
Ainda mais depois desse gol:
Fiquei tão maluco depois desse gol que corri comprar uma camisa oficial da seleção (mas a vontade passou assim que vi que o preço reais kkkkkkkkkkkkrying)
Enfim, época de copa para o Brasil e boa parte do mundo é gostoso demais, mas vamos aproveitar o tema para uma reflexão. Vem comigo!
Como você se sente se eu lhe contar/relembrar que:
- A Foxconn (fábrica fornecedora da Apple) não cumpriu sua promessa de um bônus atraente e um pacote de pagamento depois que diversos novos trabalhadores chegaram para trabalhar na fábrica;
- Empresas como Nestlé, Hershey e Cargil foram acusadas de comprar Cacau de fazendas que mantêm crianças em condições análogas à escravidão;
- Funcionários da Shein e terceirizados costuram por horas seguidas e ganham aproximadamente R$ 0,20 por peça produzida, com direito apenas a uma folga mensal;
- O Catar fez/faz tanta coisa condenável (além de trabalho análogo à escravidão, claro) que os países sedes anteriores (Rússia e Brasil) parecem ótimos exemplos de ESG.
Calma, não vim aqui fazer você se sentir culpado por suas escolhas de consumo, eu mesmo estou longe de ser o consumista responsável que gostaria, então deixa que eu começo respondendo.
Como eu me sinto.
É um misto de sentimentos, pois não tem como ignorar tais informações.
Aprendi a viver com menos variedades de roupas e busco consumir de lojas nacionais que não sejam de departamento, ao mesmo tempo que entendo que os preços da Shein e outras similares são praticamente a única opção para quem não possui tanto poder aquisitivo.
O mesmo se aplica para as gigantes dos alimentos, mas (para piorar) elas são donas de diversas outras marcas que normalmente também conseguem os melhores preços.
Olha a quantidade de empresas que a Pepsico possui, bem preocupada ela está com o fato de que você prefere tomar Coca.
Mas, dentre os exemplos acima, o Catar ainda é o que está de parabéns, além de ser conhecido por lavar dinheiro para grupos terroristas, tem também os milhares de mortos estrangeiros durante as obras para a Copa que não tinham a opção de largar o emprego e ir embora.
Sem falar da própria FIFA que nem preciso linkar notícias, baita ‘’fit cultural’’ com o Catar, hein?
Isso tudo já basta para eu* não querer estar no Catar, seja durante a Copa ou em outra oportunidade. Além de ser um país deveras opressor com quem manifesta opiniões políticas, religiosas ou faz manifestações de amor em público – ah, pior ainda (lá) se não for um casal heteronormativo.
*Opinião própria que não vai condenar quem foi lá assistir os jogos 😉
Isso tudo é Dumping.
Utilizar mão de obra análoga à escravidão, não pagar trabalhadores adequadamente ou comprar matéria prima de procedência ilegal são práticas que, além de condenáveis, favorecem a redução ilegal de custos.
Afinal, não existe mágica na redução de custos.
Se a Shein consegue produzir roupas com qualidade, entregar no prazo e com preço muito mais barato que o resto do mundo, o que está sendo sacrificado?
Como vimos nas denúncias, normalmente são as pessoas e o meio ambiente.
As consequências disso são as empresas do outro lado que buscam fazer o trabalho em conformidade que são prejudicas por não conseguirem competir.
Somos nós que financiamos isso?
Sim, além de financiar pioramos a situação por não consumirmos de quem produz com responsabilidade.
A globalização do comércio permite termos acesso a muitas mais opções, contudo, ao mesmo tempo é muito mais complexo averiguarmos por conta própria o que está acontecendo numa fábrica no interior da Ásia ou nas obras de um estádio localizado num país que a grande maioria nem sabe onde fica no globo.
Mas continuamos responsáveis pelo nosso consumo, seja um produto adquirido do lado de casa ou de outro continente.
O ideal (utópico) seria todos nós simplesmente pararmos de consumir completamente de empresas e países que passam de certos dos limites.
Mas isso não vai acontecer, pois esses “todos” não somos iguais.
O que podemos é conversar sobre esses temas e buscar diminuir a dependência e o consumo, conforme o possível para cada um, e estarmos cientes do que tais instituições fazem de bom e ruim para a sociedade.
E você, amiga(o)?
Como você se sente com esse tema? Tem outros exemplos que fizeram você repensar seu consumo? Vamos conversar respeitosamente e sem julgamentos com os coleguinhas nos comentários? 😊
Quem é o Jonas?
Estou desde 2007 atuando no comércio exterior e importação e, em 2018, decidi aliar meu amor pela escrita para ensinar e discutir sobre essa carreira que tanto aprecio, sempre de forma simples e bem humorada.
E o que começou como hobby, me rendeu a oportunidade de escrever, ensinar e atender diversas empresas do ramo através da Invoice Content e do podcast Invoice Cast. – Meu Instagram |
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É uma agência de marketing focada em atender unicamente as empresas e profissionais do comércio exterior e logística. Site – Instagram
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Invoice Cast é o nosso podcast sobre Comércio Exterior, com o propósito de ensinar, gerar discussões e contar boas histórias de forma que seja um momento divertido e prazeroso falar de nossa área e assuntos correlatos.
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