De modo geral, quando pensamos em sucesso profissional, imaginamos cargos de liderança como se fossem a única alternativa para crescer dentro da empresa.
A verdade é que nem todos têm perfil para ser líder e precisamos saber quais são os outros caminhos para buscar desenvolvimento na carreira.
Liderança não é para todos
Ser líder requer o desenvolvimento de certas habilidades técnicas e comportamentais. Nem sempre um funcionário que alcança suas metas, conhece todo o processo e é reconhecido por sua competência e dedicação será um bom líder.
É necessário estar preparado técnica e emocionalmente para liderar, pois isso requer responsabilidades muito específicas. É preciso também entender de pessoas, saber organizar o processo, dar feedback, saber orientar, ser compreensivo, entre outras características comportamentais essenciais.
Nem sempre promover a líder o melhor funcionário é uma boa estratégia, até porque algumas vezes isso sequer está alinhado com o propósito dessa pessoa ou com o seu objetivo profissional.
Algumas pessoas se sentem melhor e mais produtivas executando funções mais operacionais e isso não quer dizer que elas não têm ambição, mas sim que esse é o seu perfil profissional.
É possível formar um líder?
Sim, é possível formar um líder, porém ele precisa ter, no mínimo, um perfil comportamental adequado. Ele pode não saber fazer acompanhamento, metrificar o processo, cobrar resultados dos liderados e desenvolver equipes, mas isso se aprende estudando. Contudo, ele tem que ter um perfil comportamental com predisposição para ser líder.
Por exemplo, em um processo de vendas complexas, como B2B, com uma esteira de produção comercial, existem os SDRs (Sales Development Representative) que são as pessoas que marcam as reuniões com os executivos de vendas para os potenciais clientes conhecerem a solução apresentada pela empresa. Eles podem não ter o perfil de influenciar pessoalmente, no entanto, por telefone eles encantam muita gente.
Portanto, não adianta um gestor prometer a um SDR que se ele bater todas as suas metas se tornará um executivo. Ele é influente, mas não é dominante ao vivo. Ou seja, muitas vezes o bom funcionário não tem o perfil comportamental para atuar em um cargo de liderança.
Caso essa pessoa tenha naturalmente um perfil dominante para liderar e a empresa identifique esse potencial, ela poderá aprender todas as outras funções exigidas para esse cargo.
Líder vs. Chefe
Infelizmente, poucas empresas investem na formação de líderes, e esse é um dos principais erros do processo de gestão. Parte do trabalho do líder é formar novos líderes para que ele também possa crescer.
Existem perfis de líderes e necessidades de liderança diferentes. Por exemplo, um líder do tipo “alto executivo” possui competências diferentes de um líder em sua primeira liderança ou um líder de indústria, e cada um vai adquirindo suas habilidades ao longo da jornada.
Isso significa que se não houver preparo e uma avaliação detalhada do perfil do líder almejado, que atenda as demandas da empresa durante o processo de decisão, possivelmente será contratada uma pessoa inadequada para o cargo, alguém que não estará preparado e que agirá como um chefe e não como um líder.
O chefe é uma pessoa que não tem as competências necessárias para a função, que provavelmente está insegura com a sua própria profissão, pois exerce seu poder de comando por meio de ordens, já que sua influência não funciona. Em resumo, essa é a diferença entre líder e chefe.
Tipos de liderança
Em uma única empresa existem vários níveis de liderança, seja em áreas mais técnicas e operacionais, seja líderes executivos voltados para negócios e em altos níveis que influenciam várias áreas da organização.
Cada setor exige diversas competências de liderança, uma vez que existem necessidades diferentes e cada um tem sua fase de desenvolvimento. Portanto, o líder de um setor pode não servir para atuar em outro e não necessariamente a trilha da liderança será ascendente. Sendo assim, é possível um líder tanto se manter na operação quanto avançar para a área executiva.
Existem camadas de liderança, portanto, um primeiro líder como coordenador ou supervisor terá camadas de desenvolvimento diferentes de um líder com cargo mais gerencial e que já passou pela fase inicial. O primeiro precisará trabalhar outras habilidades, assim como diretores e CEOs terão que desenvolver outras competências.
Em uma empresa de Comércio Exterior, por exemplo, um líder de desembaraço que tem um cargo de liderança cheio de checklists, tem que gostar do operacional e conhecer a fundo todo o processo, visto que ele deve liderar e motivar pelo exemplo.
Desafios de transição
O funcionário que é promovido a um cargo de liderança enfrenta diversos desafios, entre eles o de lidar com seus colegas de trabalho que agora serão seus liderados, pois é natural do ser humano a insegurança e o ciúme, mas não apenas isso. Ele também enfrentará um choque de realidade, porque experimentará uma mudança de papel radical.
E entender todas as mudanças será um processo, já que antes a pessoa era responsável por entregar o seu próprio trabalho e agora ela precisa se preocupar com a entrega e o resultado de outras pessoas, o que é muito mais complexo.
Um grande desafio para quem chega na empresa como líder, bem como para quem foi promovido, é traçar estratégias para ganhar a confiança da equipe. Dependendo do tamanho da equipe, esse processo pode levar de três a seis meses.
O cargo de liderança é bem solitário, pois o líder não pode compartilhar todas as informações que agora têm acesso e não pode se posicionar em certas situações. O líder também acaba sendo um filtro, tanto para cima quanto para baixo. Ou seja, deve saber ouvir e ponderar algumas coisas para não provocar situações desagradáveis na organização.
E quando a liderança não dá certo?
Mesmo que o profissional tenha todas as habilidades necessárias para o cargo e busque uma mentoria para se desenvolver, ainda há a possibilidade de não dar certo. Ele pode não se identificar, achar que queria ser líder, mas perceber que não era como pensava.
Quando um líder fracassa e entende que aquela função não é a mais adequada para ele, na maioria dos casos esses profissionais saem da empresa. O fato de ele não ter atingido os objetivos como líder não resume a sua trajetória profissional. Significa que é hora de parar e analisar o que precisa ser feito.
Opções de carreira além da liderança
A carreira para líderes está cada vez mais dinâmica, isso é notório principalmente em empresas de tecnologia que contratam profissionais com capacidade de liderar, mas que são especialistas.
São profissionais ideais para liderar projetos, clientes específicos ou então equipes multidisciplinares com papéis de liderança compartilhada. Ou seja, pessoas que respondem por um projeto por determinado período.
Ser empreendedor também é uma opção, contudo, é importante saber que nem todo empreendedor será um bom líder, são competências diferentes que podem se complementar. Reconhecer isso a tempo é essencial para o sucesso do negócio. O empresário pode ser excelente para administrar o dinheiro da empresa e péssimo para desenvolver equipes de alta performance.
Pessoas que não querem liderar e que tenham experiência podem transferir o seu conhecimento ensinando outras pessoas e compartilhar com o time. As empresas precisam de profissionais que possam analisar a fundo e tecnicamente os processos para que as decisões sejam tomadas com base em informações relevantes.
Há pessoas que não querem assumir outros desafios na empresa assumindo cargos de liderança, mas querem ter aumento na remuneração. No entanto, não tem como ganhar aumento de salário fazendo sempre a mesma coisa.
É necessário se desenvolver, adquirir novas habilidades e buscar influenciar a estratégia da empresa, entendendo como o conhecimento pode impactar decisões que resultem em mais lucro.
Portanto, ser líder é um grande desafio, tem que querer e, principalmente, se dedicar. É preciso lidar com os seus problemas e com os dos outros, é saber que outras pessoas dependem da sua orientação. E, por fim, é essencial trocar experiências com outros líderes para se desenvolver cada vez mais.
Se interessou pelo tema apresentado neste texto? Confira a discussão completa no Episódio 52 do Invoice Cast!